sexta-feira, setembro 02, 2011

[Angra dos Reis] Diário de viagem

Aviso aos navegantes: o post é grande e denso, mas é legal. --------------------------------
Sábado, 27 de agosto, acordamos cedo para pegar a estrada em direção a Angra dos Reis. Eu estava bastante ansioso, pois seria minha primeira viagem de moto e logo depois de ter tirado a carteira de habilitação. Tínhamos só uma missão pré-estrada, deixar Valéria (minha sogra) na rodoviária, pois ela também ia para Angra só que de ônibus. Essa parte foi engraçada, depois que a deixei na rodoviária ela retrucou dizendo que o trajeto até lá tinha sido muito curto e não deu para aproveitar um passeio de moto descente, alias até hoje estou devendo isso a ela.
Voltei para casa e a mala já estava quase pronta, faltando apenas colocar minhas coisas nela. O cachorro já tinha sido encaminhado para o canil na véspera. Depois de ajeitar a casa fui colocar minha camadas de roupa, é camadas! Uma malha térmica, um casaco, uma jaqueta (de couro manoooo), um sapato tipo bota, além de uma calça térmica e uma calça jeans. Clara foi mais modesta, estava só com uma blusa e power jaqueta que tínhamos comprado no final de semana anterior, além da calça jeans e uma bota emprestada da mãe. Ambos devidamente equipado fomos agora equipar a moto, descobrimos que instalar o alforgue no bagageiro não é uma tarefa muito simples, quando terminei já estava suando. [Nota: Equipe a moto antes de se vestir]
Bom, depois do trabalho todo hora colocar a Drag na estrada, digo a Av. Brasil, a primeira parte do trajeto. Risos. Eu já tinha percebido que os carros respeitam as motos maiores, mas na Brasil confirmei isso, em alguns treixos engarrafados foi muito legal ver os carros dando passagem numa boa. Outra coisa legal foi por mais de 100km/h na motoca por um longo período, ela trabalha muito bem entre 100 e 120, a partir dai é tremedeira só. Por outro lado, não é necessário muito além disso para fazer uma viagem tranquila sem exigir muito da moto.
A ida toda foi muito tranquila e como eu estava empolgado fizemos apenas uma parada em Mangaratiba, já perto de Angra, para dar uma alongada porque depois de um tempo tudo começa a doer: punhos, virilha, bunda, pescoço... Sem falar que é impressionante as coisas que temos que prestar atenção, desde a movimentação dos carros observando a mudança de pista deles, o tipo de curva, velocidade do vento, desníveis e buracos no asfalto, qualidade do asfalto mudança de tempo e uma série de detalhes que eu nunca tinha me dado conta quando viajava de carro, isso também gera um desgaste psicológico.
Chegamos em Angra estasiados e mortos, os avós de Clara nos esperavam, foi uma alegria só, eles estavam cheios de perguntas sobre a viagem, nem deu para respondermos todas, pois logo a Valéria ligava avisando que tinha chegado. Mais uma vez ela deu só uma voltinha na motoca, pois ela desceu do onibus a umas duas ou três quadras de onde os avós de Clara moram.O final de semana foi bem família, fizemos até mercado com a moto (risos) e ainda aproveitamos para conhecer o resto da cidade que não conhecíamos. Já no domingo, enquanto o pessoal fazia o almoço fomos dar um passeio e quando percebemos tínhamos chegado até o final da Estrada do Contorno. Uma estradinha bem estreita e com umas curvas chatas, mas um passeio muito agradável, até paramos para apreciar a paisagem em alguns pontos, na volta aproveitamos para abastecer a poçante que apesar da viagem ainda tinha combustível. Antes da viagem coloquei R$45 reais e naquela hora deu R$39, tô testando a Podium e estou gostando muito.

Estada do Contorno em Angra.
Praia em frente ao Colégio Naval - Angra.

Tínhamos planejado sair as 16h para chegar no Rio anoitecendo, só que conversar vai, conversa vem e acabamos por sair de Angra bem depois das 17h, aqui começa nossa aventura de volta. Já na saída já estava escurecendo, não é coisa muito legal viajar de moto a noite e ainda por cima sozinho, mas fomos nessa. O trânsito estava pesando e eu adorava aquilo porque os carros iluminavam o caminho e ninguém passava de 70Km/h. Um pouco depois, novamente, de Mangaratiba fizemos uma parada pro banheiro num posto de gasolina. Tudo muito bem, tudo muito bom, quando voltamos para moto, virei a chave, o painel acendeu, mas quando fui dar a partida o painel apagou e a moto não ligou. Desliguei e liguei, tentei dar a partida e novamente nada, nenhuma reação. Pensei: fudeu!.
Isso tinha acontecido antes e o problema era falta de carga na bateria, mas não podia ser daquela vez. Clara perguntou se estava tudo bem, ela não tinha subido na moto ainda e viu tudo. Eu disse que não e ainda não tinha sabia o que fazer, nessa hora um motorista de uma van se apresentou disse que era motociclista tambem e disse que a gente podia tentar ligar a moto no tranco, eu sabia que não ia dar certo, mas o cara foi tão solítico e já foi logo empurrando a moto que eu não neguei. Empurramos a moto e ela ligou, mas o painel ficava pisando e moto falhando, logo ela desligou. Tentei mais algumas vezes depois que o rapaz da van foi embora e nada, uma ou duas vezes até consegui dar uma volta dentro do posto mesmo, mas ela logo morria.
A gente já cogitava dormir por ali mesmo sem nem saber onde estávamos. Enquanto isso tomamos um refrigerante para esfriar a cabeça, quando resolvemos falar com os frentistas do posto a respeito de mecânico quye pudesse nos ajudar. Um dos rapazes nos indicou um tal de Renan que morava por ali, mas ele não sabia exatamente onde ele morava, até tentou ligar para casa do rapaz (parecia que ele já tinha salvo outras pessoas por ali antes) e nada. Clara já avisava para o pessoal em Angra (a mãe dela tinha ficado lá) que apesar de estarmos bem, a moto tinha dado um problema e estávamos parados em posto de gasolina, ai eu descobri o nome do lugar era Muriqui.
No posto de gasolina tinha uma lojinha que vendia cocada outros doces de beira de estrada, uma lojinha bem familiar, trabalhava ali a mãe, a filha e provavelmente amigos e outros membros da família, foi quando eu vi uma Fiorino barulhenta feito a zorra entrando no posto, ela vinha de dentro da cidadizinha. Tive um bom presentimento quando vi o que seria o pai da família saindo do carro com uma travessa de cocada em cada braço. Enquanto ele fazia a entrega puxei conversa para saber do paradeiro do Renan, ele foi muito simpático e disse que não conhecia nenhum Renan, mas ia me ajudar. Logo ele pediu para as meninas da loja ficarem com Clara e olharem a moto, entramos carro e na cidade.
Ele era falador e boa praça, parecia que conhecia metade da cidade, logo paramos num barzinho (melhor lugar para ter informações numa cidade pequena), e perguntamos pelo Renan, o rapaz do bar não souber dizer, mas conhecia um tal de Cupim que era muito bom e mora ali perto. Chegamos na casa do Cupim e fomos recebidos por Seu Messías, pai de Cupim que até achou graça do meu nome, ele nos disse que Cupim estava de plantão naquele dia pois ele era motorista de ambulancia de "não sei onde". Nessa hora ri por dentro de como as pessoas vão falando da vida delas assim numa boa, só faltou me oferecer um café. Pegamos o número da casa do Cupim para ligarmos mais tarde e partimos novamente atrás do Renan, falei para o seu Amaral que o rapaz do posto tinha me dito que Renan morava lá perto da pista. Ele parou pensou, fomos até outro barzinho, depois de conseguirmos o nome da rua do Renan, chegamos até lá.
Assim que chegamos a casa do Renan, ele prontamente nos atendeu, nem fez muitas perguntas e levamos ele para o posto. No caminho Amaral até lembrou de perguntar se atrapalhamos algum plano dele, Renan deu de ombros, "que nada...", disse ele, parecia bem empolgado. Ao chegarmos no posto, Amaral adiantou o lado dele que nem deu para eu agradecer direito. Clara tadinha, ficou me esperando lá, também não tinha outra coisa a fazer.Apresentamos a moto para Renan e falamos do problema, bom cadê as ferramentas?
Eu não tinha nenhuma, marinheiro de primeira viagem literalmente. Fomos até a casa do Renan, a pé mesmo e foi mais perto do que de carro, na volta ao posto ajudei ele a trazer a caixa de ferramentas, pois na dúvida levamos tudo. Nesse trajeto Renan me falou um pouco sobre sua vida e descobri que ele já tinha sido mecanico da Yamaha lá em Angra mesmo, o que me deixou um pouco aliviado.
Depois desse trabalho todo que levou por baixo umas duas horas, Renan prontamente tirou uma tampa que dá acesso a parte elétrica da moto, verificou os fusíveis, pertou um cabos e pediu pra eu ligar a moto, a desgraçada não ligou na hora? Puta que pariu, fiquei muito feliz e nem sabia como agradecer. Renan não entendia nada, ele só tinha feito uns pequenos ajustes, não se pôde nem chamar de concerto, afinal era apenas uns cabos com mau contato. Risos. Perguntei p/ ele quanto tinha ficado o serviço, ele se negou a cobrar, disse que não tinha feito nada. Depois levei ele de moto até sua casa porque a caixa de ferramentas pesava muito e chegando lá dei lhe R$ 20 reais.Enquanto eu agradecia ele dizia que eu tinha pagado muito, mas eu não queria nem saber, sabesse lá como eu sair de lá caso ele não resolver o problema?. Risos.
Voltando ao posto agradeci a esposa do Seu Amaral que estava na lojinha, já era quase 22h, Clara até sugeriu procurarmos um lugar para dormir, mas eu só ia dormir no Rio. Pegamos a estrada novamente, a Drag nem dava mais nenhum sinal de falhar, parecia até mais disposta. Mais a frente, não lembro a que altura estávamos, mas ventava muito e a estrada já duplicada estava praticamente vazia, e por conta do vento eu tive que inclinar a moto e fui forçado a reduzir a velicidade para 60 ou 70 km/h para continuar andando em linha reta, fiquei impressionado. Depois disso a viagem foi tranquila até o Rio e chegamos mortos em casa.
Foto da "perigosa". A pedido, rsrs.
Vocês devem estar pensando agora: "quem é doido?", de carro é mais confortável, mais seguro, mais tranquilo, isso e aquilo. Como o objetivo aqui não discutir esse tipo de assunto, digo apenas uma coisa: vale a pena.
Boooooooooooorrrrrrrrrrrrnnnnnnnnnnnnnn tooooooooo beeeeeeeeee wiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiillllllllldddddd!

4 comentários:

Clara Miranda disse...

A viagem foi massa mesmo...
Só meu cóccix que não gostou muito, rs...

Bjim

Paulo Miranda disse...

Muito legal. Senti falta da foto da moto na viagem.
Quanto ao coccix vcs vão ajeitando a bicha para fica mais comfortável. bj bj

Célia Regina disse...

Isso é que é uma viagem experimental. Tá pegando jeito! Uuuuuhhhhhhhhh!!!
Bjs.

Valéria disse...

To atrasada no comentário, mas
foi boa mesmo a viagem.
Impossivel não ficar apreensiva, com osimprevistos, mas adorei! E o nosso passeio em santa Teresa tb, com direito a pernade calça queimada e caminhos errados, foi massa!!!